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Leila Gato
Embaixadora
Quem nunca desperdiçou que atire a primeira pedra!
Alimentar a minha filha tem-me levado a fazer o exercício de analisar os alimentos, pelos seus olhos curiosos e isentos de preconceitos, e a fazer pequenas mudanças.
Certo será (ou não) de que somos resultado de uma soma entre aquilo que somos intrinsecamente, aquilo que nos mostram e ensinam ao longo dos anos e aquilo que, finalmente, comemos. E sobre este último ponto é preciso, cada vez mais, ganhar consciência sobre pequenas ações que tanto podem contribuir para um planeta mais rico e sustentável se enraizadas nestes seres adorados e pequeninos que estamos a educar.
Vai daí, tenho-me focado em tornar os 4 hábitos que elenco abaixo protagonistas do meu dia a dia na esperança de que a minha catraia os venha a ter como “dados adquiridos”. Curioso que, para mim, este processo trata-se de corrigir erros de ter crescido no mundo cego e sedento de novidades e acesso ao “impossível”, esperando que para ela seja apenas uma visão plena e clara de que há um problema no horizonte e todos nós podemos fazer parte da solução com vista a um mundo mais justo e equilibrado. Pelo menos, assim o espero. Ei-los:
1. A beleza é invisível aos olhos!
Lembram-se desta frase de Antoine de Saint-Exupéry? Trago-a para vos escrever umas linhas sobre a fruta e os legumes feios porque acho uma metáfora maravilhosa que devemos ensinar aos mais petizes para que percebam que, ao recusarmos estes produtos, estamos a condená-los aos desperdício e a verdade é que são tão ou mais ricos em sabor (e valor nutritivo) que os bonitos que encontramos a reluzir nas bancas dos supermercados. Nunca esquecer que o problema da Fome no mundo não se trata de não haver comida suficiente no mundo, mas sim por não estar acessível a todos o que dela precisam.
2. O que é nacional é bom!
Nota-se que estou um bocadinho saudosista com este regresso aos anúncios dos anos 90, não é? Comer nacional, aliás mais do que nacional, comer local. Evita-se gasto de combustível, ganha-se na frescura, apoiamos pequenos produtores e investimos numa economia circular. Porquê comer alimentos produzidos num ponto do globo, tratados e embalados na outra ponta e depois consumi-los em Portugal? Sei bem que o acesso a produtos que até há uns anos eram uma miragem para muitos de nós, pode ser sedutor, tal como provar alimentos que nos permitem conhecer melhor uma cultura que não a nossa. Porém, nunca se esqueçam da nossa própria cultura gastronómica. Temos tanto que conhecer e provar em Portugal, há tanta riqueza na cozinha regional. Descubram os benefícios do medronho, da salicórnia, percebam porque se comia chanfana (e ainda se come, felizmente) e interiorizem, como um mantra, que temos um país muito rico: só precisamos de querer conhecê-lo e deixar-nos surpreender!
3. Comer da época.
Não é à toa que a laranja é fruta de inverno e os morangos da Primavera? É que quando comemos os alimentos como as frutas e os vegetais na altura em que a Natureza os dá, estamos a alimentar-nos com o potencial máximo da sua riqueza nutricional e do seu sabor. Sim, no inverno estamos mais vulneráveis a gripes e constipações, por isso é “natural” que a Natureza nos dê alimentos mais ricos em vitamina C. Vai daí a minha filhota vai comê-las mais nessa altura do ano e eu depois explico-lhe o porquê!
4. A Simone vai às compras!
De preferência com o seu próprio saquinho reutilizável. Ensinar-lhe desde pequenina a levar o seu saquinho e que não há necessidade de tirar um saco de plástico para trazer um cacho de bananas é só um dos muitos simples passo a dar nas nossas idas ao mercado. Nota: a Simone é a minha filha comilona de 16 meses.